Novembro azul: conscientização sobre câncer de próstata

por Dra. Larissa A.C. Carvalho e Profa. Dra. Silvya Stuchi Maria-Engler.


O câncer de próstata se inicia nas células da glândula prostática, sendo caracterizado pelo crescimento anormal e desordenado, podendo invadir tecidos e órgãos, se espalhando por outras áreas do corpo. Apenas o homem possui próstata, então ao contrário do que acontece com o câncer de mama, em que homens também podem ser acometidos, as mulheres não apresentam câncer de próstata.

Câncer de próstata: o que é, quais os sintomas e qual o tratamento? -  MEDPREV
Imagem: Medprev.

A próstata é uma pequena glândula na base da bexiga, seu tamanho costuma ser de uma noz, que pode crescer com a idade e com algumas doenças. O aumento da próstata com a idade é chamado de hiperplasia prostática benigna (BPH). Na BPH a próstata cresce e pressiona a uretra. É uma condição normal e não está relacionada ao câncer. Por outro lado, a hiperplasia prostática pode também estar acompanhada de células cancerosas.

A próstata envolve a primeira parte do tubo que transporta a urina da bexiga para o pênis (uretra). A uretra também carrega o sêmen, o fluido que contém os espermatozoides. Como a próstata produz uma proteína chamada antígeno específico da próstata (PSA), um simples exame de sangue pode detectar o nível de PSA e auxiliar no diagnóstico. No entanto, esse exame pode indicar desde um processo inflamatório até mesmo a presença de tumor, podendo assim ocorrer falsos positivos e, por isso, há a necessidade de seguimento clínico para se ter certeza do diagnóstico.

No Brasil, o câncer de próstata é o mais incidente em homens (29,2%) e o segundo de maior mortalidade entre homens (13,3%), perdendo apenas para o câncer de pulmão. Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum. Sua incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. Parte da alta incidência no Brasil se deve a evolução dos métodos diagnósticos, pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida. Nesse sentido, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. 

O câncer de próstata na América Latina: um retrato real | VEJA
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Não existe uma maneira específica para prevenir o câncer de próstata, mesmo porque seu desenvolvimento depende de diversos aspectos. Qualquer agente que possa aumentar o risco de câncer é chamado de fator de risco, mas ter o fator de risco, não significa necessariamente que a pessoa virá a desenvolver a doença. Existem fatores de risco que são incontroláveis, como idade, etnia e histórico familiar. Por outro lado, evitar alguns riscos, pode auxiliar na prevenção da doença como manter um peso saudável, praticar atividade física e ter uma dieta saudável.

O câncer de próstata se desenvolve silenciosamente com o passar dos anos, por isso os sintomas aparecem apenas com um crescimento mais avançado. Alguns tumores podem crescer mais rapidamente, mas a maioria cresce lentamente, levando cerca de 15 anos para atingir 1 cm³ e pode não chegar a dar sinais durante a vida nem ameaçar a saúde do homem, o que permite apenas o acompanhamento da doença, sem seu tratamento. Como a maioria dos cânceres tendem a começar na parte externa da glândula da próstata, para causar sintomas, o tumor precisa ser grande o suficiente para pressionar a uretra, o que é incomum. Muitos pacientes não apresentam sintomas ou quando apresentam, são semelhantes ao crescimento benigno da próstata (dificuldade ou necessidade de urinar mais vezes ao dia). Alguns sinais de câncer de próstata incluem problemas para urinar, presença de sangue na urina, dificuldade de ereção e dor nas costas, quadris, costelas ou outros ossos. Na maioria das vezes, esses sintomas podem não indicar câncer de próstata, mas é importante que a causa seja investigada. Com estes sintomas, o médico pode pedir exames mais específicos para confirmar ou eliminar a suspeita. Nesse sentido, exames de rotina são importantes para um diagnóstico precoce e maior chance de cura.

Câncer de Próstata - A evolução dos métodos diagnósticos - CURA
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O exame clínico (toque retal) combinado com o exame de sangue para PSA, podem sugerir a doença, nesse caso, indica-se a ultrassonografia pélvica (ou prostática transretal). A ultrassonografia pode indicar a necessidade de biópsia, que então poderá confirmar a doença. A biópsia deve informar a graduação pelo sistema de Gleason, que indica a taxa de crescimento do tumor e sua tendência à metástase.  Em geral, o tratamento para a doença localizada pode ser a cirurgia, radioterapia e até mesmo a observação vigilante (em algumas condições especiais). Para doença avançada, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Já no caso da doença metastática, o mais indicado é a terapia hormonal. O tratamento vai depender da idade, condições do paciente, estágio do tumor e as chances de cura.

Dessa forma, manter hábitos de vida saudáveis, estar atento aos sinais e realizar exames de rotina, pode prevenir ou identificar o tumor em estágio inicial, com alta chance de cura. Evitar os fatores de risco também pode auxiliar na prevenção, o que seria uma situação ideal, devido a sua alta incidência.